domingo, 3 de julho de 2011

Vivendo a (na) convergência

Dentre os vários posts que escrevi, todos traziam em sua essência a interatividade e, arrematando o que já foi explicitado, trago a convergência das mídias. Para Mesquita (1999), a convergência das mídias é a interação e interconexão entre a imprensa, a rádio, a televisão, os telefones, os computadores e as tecnologias de rede. Ela prevê que toda a informação esteja disponível, a toda a gente, em todas as horas, em todos os lugares, em suporte digital (sob a forma de bits) onde será possível interagir com a própria informação, com o saber bem, como alcançar os centros de produção de conhecimento que lhe dão origem.



A integração, e porque não dizer interligação entre rádios, televisões, computadores, imagens e sons já consolidaram a cultura de consumir a informação, independentemente de sua forma e suporte, no mesmo instante em que ela é criada, tornado imediata a sua propagação.

A convergência em si pode ser descrita como:
“[...] o fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam (JENKINS, 2008, p. 29).”

Toda essa ideia de convergência das mídias abarca fundamentos de cooperação, como um ciclo de diversas formas de levar a informação o mais distante possível, e a um público cada vez maior; deixando para trás o “mito” de que mídias desapareceriam - entrariam em desuso - para o surgimento de outras, ditas mais tecnológicas.

Frente ao que foi exposto, é sinalizada a coexistência das mídias:
Juntamente com essa ideia de convergência das mídias as pessoas começaram a pensar que uma nova mídia fosse substituir a mídia já existente. Isso não ocorreu em todos os casos pelo contrário, a maioria das mídias continua coexistindo, nada está sendo substituído tudo está sendo transformado, algumas mais utilizadas do que as outras, mas nada se extinguiu as comunicações continuam aí, ela nunca mudou o que muda são os meios por onde ela passa e os seus suportes. Assim, consequentemente os meios por onde acessamos as informações mudam, por que nós mudamos, a sociedade se transforma e adapta-se as novas tecnologias (JENKINS, 2008).
Dessa forma, está mais do que perceptível que arquivistas, bibliotecários e museólogos devam ter o domínio das novas maneiras de disponibilizar a informação, integrando os diversos suportes físicos à grande esfera digital, constituindo um processo único de disseminação e acesso da informação, portanto imprimindo agilidade e eficiência na sistematização de buscas e na recuperação da informação.

Blog: útil e popular; informar e ser informado, construir ideias, quebrar paradigmas; produzir, trocar e difundir conhecimento.

Fotografia: proporciona um resgate à memória, a retomada de acontecimentos e a apreciação da diversidade cultural.

Vídeo: ferramenta multifacetada e interativa; uma importante fonte de informação.

Repositório: sistema que permitem recuperar, compartilhar e visualizar informações; mantém e gerencia o material armazenado.
Internet: constrói conteúdo, produz conhecimento; inteligência coletiva.

Webjornalismo: canal de informação emergente; interatividade, customização de conteúdo/personalização, hipertextualidade, multiplicidade/convergência e memória.

Comunidade virtual: complemento da comunidade real; faz com que as relações sociais e efetivas sejam transformadas pela tecnologia.

Rede social: intencionalidade nos relacionamentos; objetivos comuns explicitados e compartilhados.

Web 2.0: coletividade, participação e colaboração.

Microblog: interação facilitada; estreita relações; possibilita uma comunicação instantânea.

Todos estes trechos acima foram elementos que permearam os posts anteriores e que se encaixam perfeitamente na ideia de convergência das mídias.


A convergência surgiu de nossas vivências e estruturada pela tecnologia desenvolvida. Jenkins (2008) coloca que a convergência não acontece somente nos aparelhos/suportes, mas sim na mente das pessoas e no próprio modo de interação social. A informação na mídia digital é interativa, coletiva, flexível, compartilhada, personalizada.

Abraços!


Referências:

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008.

MESQUITA, João. A Convergência dos Media: do Mass ao Self Media. 1999. Disponível em: <
http://www.citi.pt/estudos_multi/joao_mesquita/index.html>. Acesso em: 04 jul. 2011.

domingo, 26 de junho de 2011

What’s happening?

Uma das mídias em franco crescimento na Internet é o microblog, e aqui o assunto será focado no Twitter, o principal microblog utilizado.


O Twitter é um micro-blogging, ou seja, um blog limitado, que permite a publicação de apenas 140 caracteres. É uma proposta de trocar informações e noticiar o que acontece em poucas palavras. Neste serviço, os usuários podem publicar notícias e compartilhar informações através de celulares e de outros equipamentos e não apenas por meio do computador. As possibilidades de comunicação no Twitter são significativas e de grande contribuição para o processo de disseminação de informações (RUFINO, 2009, p.11).


Com base no texto de CARDOZO (2009), o Twitter é uma criação [...] da Web 2.0 com bases sendo definidas como coletividade, participação e colaboração, substituindo individualidade, estagnação, limitação e unilateralidade, características da chamada Web 1.0. Com esta passagem da Web 1.0 para a Web 2.0, aparece um entendimento sobre a possibilidade de a Internet ser formadora de uma inteligência coletiva.


O título do post refere-se ao slogan do Twitter, que em português significa: “O que está acontecendo?” E realmente você fica sabendo tudo o que está acontecendo e com uma velocidade sem igual. No Twitter pode-se seguir alguém ou ser seguido, tendo informações objetivas e práticas sobre a vida de um conhecido e até de instituições como arquivos, bibliotecas e museus. Conforme Santos (2010) os bibliotecários e pesquisadores começaram a explorar os recursos da Web participativa e rapidamente perceberam a possibilidade de expandir o relacionamento com o usuário. Sim, o Twitter serve também para divulgar organizações, agindo como uma ferramenta a mais para o marketing institucional, abrangendo dessa forma um público maior, trazendo usuários aos ambientes de informação.


Segundo Rufino (2009) o Twitter é uma nova forma de comunicação, mais rápida e ágil, que permite acesso às informações e cobertura de notícias em tempo real. Além disso, proporciona ao leitor que ele mesmo publique suas informações, ao mesmo tempo em que ler outras.

Com o advento dos microblogs, há uma interação facilitada entre, por exemplo, o arquivo e o usuário e vice-versa, estreitando relações, possibilitando uma comunicação instantânea, em que as duas partes ora passam informações, ora absorvem informações.


Cardozo (2009) diz: “Mais do que apenas um tipo de blog ou microblog, o Twitter se consolida como uma ferramenta de comunicação móvel.” Assim coloco como exemplos de instituições da área da Ciência da Informação que utilizam o Twitter.
















Apesar de ser uma rede social, o Twitter é um lugar de autopublicação, onde pessoas colocam links, falam de seus projetos, divulgam notícias. Não há regra (CARDOZO, 2009, p. 34).




Referências:

CARDOZO, Missila Loures. Twitter: microblog e rede social. Caderno.com, São Caetano do Sul: USCS, v.4, n.2, p.26-40, jun/dez 2009. Disponível em: <http://www.uscs.edu.br/revistasacademicas/caderno/caderno_com_v04_n02.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2011.

RUFINO, Airtiane et al. Twitter: a transformação na comunicação e no acesso às informações. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE, 11., Teresina, 14 - 16 maio 2009. Anais... Teresina, INTERCON, 2009. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/nordeste2009/resumos/R15-0542-1.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2011.

SANTOS, Cibele A. C. Marques dos et al. Biblioteca Universitária 2.0: experiência com blogs e twitter. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 16., 2010. Anais... Rio de Janeiro, UFRJ, 2010. Disponível: <http://www.sibi.ufrj.br/snbu/pdfs/posters//final_183.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2011.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Comunidades virtuais e redes sociais virtuais: construções da coletividade

Quem não tem um perfil em comunidades virtuais ou redes sociais virtuais? É raridade encontrar alguém que não participe desta “febre” da Internet, mas muito além de uma tendência, essas comunidades e redes virtuais se consolidam cada vez mais em nossa vida.


Antes de qualquer coisa, trago definições destas “teias” virtuais: Howard Rheingold (1996) define comunidades virtuais como “agregações sociais que emergem da Internet quando um número suficiente de pessoas se envolve em discussões públicas durante um tempo suficientemente grande, com suficiente sentido humano, para formar redes de relações pessoais no ciberespaço (SÁNCHEZ ARCE & SAORÍN PÉREZ, 2001, p. 219)”.

Para Sánchez Arce & Saorín Pérez (2001), comunidades virtuais são aquelas constituídas por pessoas que, através da Internet, desejam satisfazer suas expectativas ou necessidades e colaborar com o coletivo.  Pessoas que partilham uma mesma cultura, espaço virtual sem fronteiras, conjunto de regras, informação e conhecimento e a ligação entre essas pessoas e administradores da comunidade virtual são elementos colocados pelos autores como formadores das comunidades virtuais. As comunidades virtuais se tornaram um complemento das comunidades reais, fazendo com que as relações sociais e efetivas sejam transformadas pela tecnologia. Essa transformação pode ser afirmada por Sánchez Arce & Saorín Pérez (2001), já que romper as barreiras espaço-tempo permitiu que se desenvolvessem numerosas comunidades virtuais. Mas para seu êxito e permanência na Internet, são determinantes dois elementos básicos: o tempo de interatividade e o componente afetivo entre os membros que as compõem.


Como afirma Lévy apud Costa (2005), as comunidades virtuais são uma nova forma de se fazer sociedade. Essa nova forma é rizomática, transitória, desprendida de tempo e espaço, baseada muito mais na cooperação e trocas objetivas do que na permanência de laços.

Exemplos de comunidades virtuais: chats, fóruns, lista de discussão, blogs, entre outros.

As redes sociais virtuais segundo Amaral (2004), são estruturas sociais compostas por pessoas ou organizações, com objetivos e valores em comum. As redes sociais são uma nova forma de as pessoas se expressarem, mostrando suas ideias, suas relações. Os elementos que as caracterizam são pontos de conexão (relação pessoa/instituição), e padrão de horizontalidade (relação de descentralização de poder, não há subordinação). O que diferencia as redes sociais das redes espontâneas e naturais é a intencionalidade nos relacionamentos, os objetivos comuns explicitados e compartilhados.

Exemplos de redes sociais: Orkut, Facebook, Twitter, MySpace, entre outros.


A partir dessas definições, já se tem a nítida visão de que as comunidades virtuais e as redes sociais são de suma importância para dar acesso à informação e a construção de conhecimento, tanto que vários profissionais utilizam desses meios para trocas de experiências.

Para Rheingold apud Costa (2005), já se percebia em 1996 que as comunidades virtuais não eram apenas lugares onde as pessoas se encontravam, mas também um meio para se atingir diversos fins. Ele antecipou que “as mentes coletivas populares e seu impacto no mundo material podem tornar-se uma das questões tecnológicas mais surpreendentes da próxima década”.

Consolidar uma idéia de mente coletiva, ou de inteligência coletiva, que poderia não apenas resolver problemas em conjunto, em grupo, coletivamente, mas igualmente trabalhar em função de um indivíduo, do seu benefício. As comunidades virtuais abrigam um grande número de profissionais, que lidam diretamente com o conhecimento, o que faz delas um instrumento prático potencial. Quando surge a necessidade de informação específica, de uma opinião especializada ou da localização de um recurso, as comunidades virtuais funcionam como uma autêntica enciclopédia viva. Elas podem auxiliar os respectivos membros a lidarem com a sobrecarga de informação (COSTA apud RHEINGOLD, 2005).

Conforme Lévy apud Costa (2005), uma comunidade virtual, quando convenientemente organizada, representa uma importante riqueza em termos de conhecimento distribuído, de capacidade de ação e de potência cooperativa.
 
Ou seja, a participação de profissionais em comunidades virtuais e redes sociais servem como um estímulo a formação de um conhecimento desenvolvido coletivamente. Em um espaço composto por uma teia de pessoas com o mesmo interesse, está contida várias informações e soluções diversas para uma mesma situação, havendo uma melhor eficiência na construção de conhecimento, difusão de informações e interação entre os profissionais.


Costa (2005) diz que a sinergia entre as pessoas via web, dependendo do projeto em que estejam envolvidas, pode ser multiplicada com enorme sucesso, sendo lançada assim a ideia de que a interconexão de computadores poderia dar nascimento a uma nova forma de atividade coletiva, centrada na difusão e troca de informações, conhecimentos e interesses.


Referências:

AMARAL, Vivianne. Redes organizacionais: conexão. 2004. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/24613262/Vivianne-Amaral-Redes-Organizacionais-Conexoes>. Acesso em: 20 jun. 2011.

COSTA, Rogério da. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.9, n.17, p.235-48, mar/ago 2005. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/icse/v9n17/v9n17a03.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2011.

SÁNCHEZ ARCE, Maria Vanessa; SAORÍN PÉREZ, Tomás. Las Comunidades Virtuales y los Portales como Escenarios de Gestión Documental y Difusión de Información. Anales de Documentación, n.4, 2001, p. 215-227. Disponível em: http://hdl.handle.net/10760/11967. Acesso em: 20 jun. 2011.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Museus virtuais

A fim de divulgarem seus acervos, dando maior visibilidade às suas coleções, os museus se destacam na Internet.


Com a rápida expansão da Internet na última década do século XX, multiplicaram-se sítios auto-intitulados “museus”, dentre os quais destacamos os museus de arte. Ostentando nomes como webmuseu, cibermuseu, museu digital ou museu virtual, tais sítios apresentam-se, com freqüência, como interfaces de instituições museológicas construídas no espaço físico, [...] que, graças à Internet, podemos “visitar” em um mesmo dia, escolhendo o melhor trajeto e o horário mais conveniente. Ao lado dessas interfaces, foram criados sítios que, embora sem equivalente no mundo físico, também se intitulam “museus” e apresentam “acervos” formados por reproduções digitais ou por obras-de-arte criadas originalmente em linguagem digital (LOUREIRO, 2004, p. 97).

Visitando alguns museus virtuais, destaco um museu, o Museu da Pessoa. Por seu nome peculiar, fiquei bastante curiosa para saber quais as propostas do museu. O Museu, fundado em 1991 propõe a construção de uma teia de histórias de vida, histórias de qualquer pessoa que queira compartilhar suas vivências, ampliando a participação dos indivíduos na construção de memória social. Isso é incrível! Um museu não “sobrevive” somente de peças raras, antigas ou tecnológicas, não deve expor a história de alguns povos, como se fossem mais importantes do que outros. Porque a cultura e a memória não são feitas por alguns, mas por todos. Essa frase sintetiza o Museu da Pessoa. Simples assim, se torna grandioso; sem firulas o Museu da Pessoa cumpre bem seu papel em construir, preservar e difundir a cultura e a memória de todos utilizando a Internet.

Diante da experiência em visitar museus virtuais, percebo a preocupação para que cada vez mais pessoas tenham acesso às coleções dos museus. Por outro lado há um questionamento quanto aos direitos autorais e a segurança das bases de dados dos museus no meio virtual. Sempre existem os prós e os contras quanto à divulgação de informações e propagação de conhecimento na Internet, mas o que não há de se contestar é que não existe nada parecido com a sensação de visitar um museu físico, de estar frente a frente com a história, a memória, a cultura que construímos vivendo ou seria vivendo construindo?!

Confira a seguir, um vídeo sobre o recente projeto do Google, o Art Project, que permite ao visitante virtual “andar pelas galerias” de importantes museus do mundo todo.



Referências:

ART PROJECT. Disponível em: <http://www.googleartproject.com/>. Acesso em 13 de jun. 2011.

LOUREIRO, Maria Lucia de Niemeyer. Webmuseus de arte: aparatos informacionais no ciberespaço. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 33, n. 2, p. 97-105, maio/ago. 2004. Disponível em:

MUSEU DA PESSOA. Disponível em: <
http://www.museudapessoa.net/>. Acesso em: 13 de jun. 2011.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Jornais digitais nacionais e internacionais: mesma notícia, abordagens diferentes

Seguindo o que foi dito no post anterior – sobre webjornalismo – apresento a análise de uma mesma notícia veiculada em quatro jornais digitais nacionais e internacionais.

A notícia divulgada entre os dias 04 e 05 de junho de 2011, relata a erupção do vulcão chileno Puyehue e a retirada da população moradora de regiões próximas ao vulcão. Os brasileiros Zero Hora e O Globo, o norte-americano The New York Times e o espanhol El País são os jornais digitais em questão.

Nuvem de cinzas do vulcão Puyehue, no sul do Chile (05/06)

Raios vermelhos foram fotografados em meio à nuvem de cinzas do vulcão no domingo (05/06)

ZERO HORA

Vulcão entra em erupção no Chile e nuvem de cinzas fecha aeroporto de Bariloche
Governo evacuou 3,5 mil chilenos da região




O GLOBO

Vulcão entra em erupção no Chile; moradores são retirados






THE NEW YORK TIMES

 3,500 Evacuate as Volcano Erupts in Southern Chile






EL PAÍS

Un volcán chileno genera alarma en Argentina
Las autoridades evacuán a 3.500 habitantes de La zona de La erupción – Las cenizas del Puyehue obligan a los vecinos de Bariloche a permanecer em sus casas y usar mascarillas em el exterior

Fazendo um comparativo das informações contidas em cada jornal sobre a notícia, têm-se diferentes abordagens.

Os jornais Zero Hora, O Globo e The New York Times dão diferentes localizações do vulcão em relação à capital Santiago, já o jornal El País mostra uma localização vaga, porém incluiu em sua notícia um pequeno mapa dos países afetados. Todos os quatro jornais falam sobre a retirada da população, sendo removidas para alojamentos em zonas de segurança, mas somente o The New York Times e o El País relataram instruções para que a população permaneça em casa, estoque alimentos e água e que quando esteja ao ar livre use máscaras. Somente o El País menciona o histórico de outras erupções do Puyehue. O Globo relata a erupção de outro vulcão chileno de proporções parecidas em 2008. Todos os jornais citam pronunciamentos de autoridades ou órgãos competentes chilenos e argentinos, passando assim maior credibilidade às suas notícias. Os quatro jornais falam dos transtornos ocorridos de forma cronológica, ou seja, desde os abalos sísmicos que acarretaram a erupção até as nuvens de cinzas que cobrem as cidades.

Há pequenos destaques dentro da notícia principal, que, parecem ser descritos de acordo com o público do jornal eletrônico. O jornal Zero Hora destaca o fechamento do aeroporto de Bariloche e fala sobre o potencial turístico da cidade; reconhecidamente um destino dos gaúchos no inverno. O Globo prioriza situar seus leitores quanto a geografia chilena em comparação a outros países com atividade vulcânica. O The New York Times equilibra bem as informações dadas, destacando de igual maneira a localização e magnitude da erupção e os cuidados com a população afetada. O El País destaca as declarações das autoridades do Chile e da Argentina tranquilizando as pessoas, como uma forma de que os leitores vejam o problema de um jeito ameno, sem alarde.

A partir dessa análise podemos ver claramente a ligação desses comparativos de informações noticiadas com o atendimento de usuários de sistemas de informação. Cada arquivo, biblioteca ou museu precisa conhecer e direcionar suas atividades para seu “usuário-alvo”, assim como os jornais digitais buscam seu público-alvo.



Referências:

3,500 Evacuate as Volcano Erupts in Southern Chile. The New York Times, New York. Disponível em: <http://www.nytimes.com/aponline/2011/06/04/world/americas/AP-LT-Chile-Volcano.html?_r=1&scp=1&sq=chile%20puyehue&st=cse>. Acesso em: 06 de jun. 2011.

VULCÃO entra em erupção no Chile e nuvem de cinzas fecha aeroporto de Bariloche. Zero Hora, Porto Alegre. Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Mundo&newsID=a3337589.htm>. Acesso em: 06 jun. 2011.

VULCÃO entra em erupção no Chile; moradores são retirados. O Globo, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/06/04/vulcao-entra-em-erupcao-no-chile-moradores-sao-retirados-924616417.asp>. Acesso em: 06 de jun. 2011.

UN volcán chileno genera alarma en Argentina. El País, Madrid. Disponível em: <http://www.elpais.com/articulo/internacional/volcan/chileno/genera/alarma/Argentina/elpepuintlat/20110605elpepuint_1/Tes>. Acesso em: 06 de jun. 2011.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Webjornalismo: comunicação emergente

O surgimento do webjornalismo foi e ainda continua sendo um boom para os canais de informação. Conforme Fidler apud Alves (2006), o nascimento de um novo meio de comunicação causa uma espécie de terremoto no ambiente midiático.

Tradicionalmente, para os jornalistas a Internet era vista como somente para distribuir conteúdo, porém hoje se percebeu que, muito além disso, a Internet constrói conteúdo, produz conhecimento. A ideia de que as informações contidas nos jornais impressos deveriam ser transpostas sem modificação para a web é obsoleta; atingir o público do webjornalismo requer o despertar de interesses diferentes dos quais os leitores da versão impressa buscam. A web representa uma mudança de paradigma comunicacional muito mais ampla que a adição de um sentido. Ela oferece um alcance global, rompendo barreiras de tempo e espaço [...] (ALVES, p. 3, 2006).

O jornalismo eletrônico, como canal de informação emergente traz em sua essência características como: interatividade, customização de conteúdo/personalização, hipertextualidade, multiplicidade/convergência e memória. Todas essas características sugerem algo que dificilmente aconteceria no jornalismo impresso – o poder do leitor sobre o conteúdo – tratando-se segundo Alves (2006), de uma transferência importante de poder ou de privilégio, que passa do emissor para o receptor, numa evidente ruptura dos modelos fechados que se conheciam até agora.


Houve assim uma grande modificação quando à comunicação. "A comunicação eficaz requer um rico conteúdo em sua representação. E as representações devem estar adequadas ao contexto do indivíduo e da comunidade a qual pertence. Assim a mensagem pode ser atrativa e útil" (BENDER APUD QUADROS, p. 4, 2002). De acordo com Fuentes i Pujol (1997), os meios deverão passar por um doloroso processo de reconhecer que o mundo não é só aquilo que eles publicam, mas também muitas outras coisas que estão sendo disponibilizadas na Rede. Isto será um enorme desafio para os meios [...] E os jornalistas receberão a informação da própria internet para realizar o seu trabalho, mas também deverão disponibilizar informação para a Rede. É fundamental a troca de informações.

Diante do crescimento do jornalismo digital, faz-se a pergunta: E os jornais impressos, irão acabar?

Alves (2006), fala em midiacídio, ou seja, a possibilidade de a ruptura tecnológica provocar a morte de meios tradicionais que não tenham capacidade ou não saibam se adaptar ao novo ambiente midiático em evolução. O autor também afirma, nesse mesmo viés, que a possibilidade de modelos que pareciam consolidados venham a desaparecer é real, contudo ressalta um período de incertezas em relação ao futuro da mídia.

A meu ver, o jornalismo impresso não irá desaparecer, somente houve a divisão de espaços nos canais de informação. Conforme Alves (2006), ideias de que o jornalismo digital poderia ser apenas um complemento dos jornais predominou no passado; agora são segmentos diferentes. Cada mídia tem seu público alvo, seu conteúdo, sua linguagem, seus interesses a serem discutidos. Os meios tradicionais não estão tão rígidos, se modificaram e se adaptaram para melhor atender seu leitor.

Obviamente o webjornalismo atualmente parece mais atrativo, tanto para o leitor como para o profissional. Segundo Alves (2006), o jornalista da redação digital tenta trabalhar para um púbico específico, como ocorre na sua versão impressa. A diferença é que no computador, o profissional busca uma fórmula para ser global e despertar o interesse de leitores de diversas partes do mundo. Bochichi apud Alves (2006), relata: "O trabalho não está limitado a uma função. É possível acompanhar todo o processo de edição, proporcionando uma ampla visão dos fatos do dia. Além disso, é possível utilizar recursos, como o som e a imagem em movimento, que são impossíveis na versão impressa".

Mas há quem não dispense a capacidade do jornal de ser dobrado e enrolado ou de visualizar as matérias de forma rápida e eficiente, simplesmente passando as páginas, afirma Bogart apud Rozados (2009). Tudo é uma questão de flexibilidade para conquistar o leitor e consequentemente não perder espaço nos meios de comunicação.


O webjornalismo proporciona reflexões e modificações não somente às profissões ligadas à comunicação, mas também ligadas à informação. A digitalização de informações, o acesso a bancos de dados, a diminuição de espaço físico para armazenamento de documentos, a difusão veloz de informações e a racionalização do uso do papel são temas de interesse para o arquivista. A utilização de multimeios que propaguem e preservem a informação corroboram direta ou indiretamente para o trabalho do arquivista.

Todos nós já somos seres multimídia há muito tempo, pois consumimos múltiplos meios de comunicação. A novidade é que temos à nossa disposição um meio que tem a capacidade de absorver as características de todos os outros meios (ALVES, p. 6, 2006).



Referências:

ALVES, Rosental Calmon. Jornalismo digital: Dez anos de web… e a revolução continua. Comunicação e Sociedade, vol. 9-10, 2006, p. 93-102. Disponível em: <http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/viewFile/4751/4465>. Acesso em: 28 mai. 2011.

FUENTES I PUJOL, María Eulàlia. La información en Internet. Barcelona, Editorial CIMS, 1997.

QUADROS, Claudia Irene de. Uma breve visão histórica do jornalismo on-line. In: XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Salvador. Anais... São Paulo: Intercom, 2002. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1904/18639>. Acesso em: 28 mai. 2011.

ROZADOS, Helen Beatriz Frota. Tema 6: Jornais Eletrônicos. Slides de aula, 2009.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Repositórios de vídeos e o exemplo do YouTube EDU

No post anterior falei que os vídeos são fontes importantíssimas de informação, mas... onde estão essas informações na Internet? Estão nos repositórios de vídeos, isso quer dizer: sistemas que permitem recuperar, compartilhar e visualizar vídeos, possuindo ferramentas de busca onde o usuário pode achar vídeos que estejam indexados conforme as palavras-chave que busca; mantém e gerencia o material armazenado.

Como exemplos de repositórios de vídeos, temos o YouTube, o Google Vídeos e o Vimeo.


Segundo Paiva (2008), o YouTube realiza o sonho de uma multidão de aficcionados em arte, música, cinema e vídeo, desejosos de construir a sua própria programação audiovisual. [...] sendo um estilo de comunicação e cultura transversal, dialógica, mais acessível e interativa.

Nessa perspectiva, conforme Ribeiro et al. (2010), educadores e estudantes necessitam acompanhar esses avanços, integrando no cotidiano do ensinar e do aprender novos recursos e serviços. Assim surgem os repositórios de vídeos educativos. Oferecendo fontes para estudo e pesquisa e apoiando a aprendizagem no processo de ensino-aprendizagem, as possibilidades de utilização são várias, como por exemplo: em coursewares, em tutoriais, como material de apoio, como portfólio do aluno ou até mesmo como uma TV educacional (Caetano e Falkembach, 2007). O foco destes repositórios está em educadores e alunos, abrangendo várias áreas do conhecimento.

Um excelente exemplo de repositório de vídeos educativos é o YouTube EDU. Lançado em março de 2009, tem por objetivo oferecer alguns dos maiores cursos universitários para qualquer pessoa com acesso à Internet, sendo composto por vídeos com passeios pelos campi das universidades, notícias sobre pesquisas, palestras de professores e cursos dos mais variados assuntos, assim democratizando o ensino. Originado de um processo voluntário de um grupo de funcionários que desejava coletar e armazenar o conteúdo educacional enviado por escolas e universidades ao YouTube (YOUTUBE, 2009). O YouTube EDU é um subsite do YouTube, sendo o maior repositório no quesito vídeo-aulas, afirma Colman (2009).


Em conformidade com Ribeiro et al. (2010), os repositórios de vídeos educativos são um recurso que sobrepõe às limitações espaço-temporais da sala de aula.

Conheça nesse vídeo um pouco mais sobre o YouTube EDU.


Até mais!


Referências:

CAETANO, S. V. N.; FALKEMBACH, G. A. M. You Tube: uma opção para uso do vídeo na EAD. Porto Alegre: IX Ciclo de Palestras sobre Novas Tecnologias na Educação. 2007. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012623.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2011.

COLMAN, Dan. Introducing YouTube EDU! Open Culture. 2009. Disponível em: <http://www.openculture.com/2009/03/introducing_youtube_edu.html>. Acesso em: 16 mai. 2011.

PAIVA, Cláudio Cardoso de. YOUTUBE como vetor de Modernização Tecnológica e Desenvolvimento Social. ABCIBER. In: II Simpósio ABCiber. São Paulo: PUCSP, 2008. v. 1. p. 1-15.Disponível em: <http://www.cencib.org/simposioabciber/PDFs/CC/Claudio%20Cardoso%20de%20Paiva.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2011.

RIBEIRO, Patric da S. et al. Repositório de vídeos educacionais adaptado as necessidades tecnológicas de usuários de dispositivos móveis. 2010. Disponível em: <www.inf.pucminas.br/sbc2010/anais/pdf/wie/st05_04.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2011.

YOUTUBE. Broadcasting Ourselves ;) The Official YouTube Blog. 2009. Disponível em: http://youtube-global.blogspot.com>. Acesso em: 16 mai. 2011.