terça-feira, 31 de maio de 2011

Webjornalismo: comunicação emergente

O surgimento do webjornalismo foi e ainda continua sendo um boom para os canais de informação. Conforme Fidler apud Alves (2006), o nascimento de um novo meio de comunicação causa uma espécie de terremoto no ambiente midiático.

Tradicionalmente, para os jornalistas a Internet era vista como somente para distribuir conteúdo, porém hoje se percebeu que, muito além disso, a Internet constrói conteúdo, produz conhecimento. A ideia de que as informações contidas nos jornais impressos deveriam ser transpostas sem modificação para a web é obsoleta; atingir o público do webjornalismo requer o despertar de interesses diferentes dos quais os leitores da versão impressa buscam. A web representa uma mudança de paradigma comunicacional muito mais ampla que a adição de um sentido. Ela oferece um alcance global, rompendo barreiras de tempo e espaço [...] (ALVES, p. 3, 2006).

O jornalismo eletrônico, como canal de informação emergente traz em sua essência características como: interatividade, customização de conteúdo/personalização, hipertextualidade, multiplicidade/convergência e memória. Todas essas características sugerem algo que dificilmente aconteceria no jornalismo impresso – o poder do leitor sobre o conteúdo – tratando-se segundo Alves (2006), de uma transferência importante de poder ou de privilégio, que passa do emissor para o receptor, numa evidente ruptura dos modelos fechados que se conheciam até agora.


Houve assim uma grande modificação quando à comunicação. "A comunicação eficaz requer um rico conteúdo em sua representação. E as representações devem estar adequadas ao contexto do indivíduo e da comunidade a qual pertence. Assim a mensagem pode ser atrativa e útil" (BENDER APUD QUADROS, p. 4, 2002). De acordo com Fuentes i Pujol (1997), os meios deverão passar por um doloroso processo de reconhecer que o mundo não é só aquilo que eles publicam, mas também muitas outras coisas que estão sendo disponibilizadas na Rede. Isto será um enorme desafio para os meios [...] E os jornalistas receberão a informação da própria internet para realizar o seu trabalho, mas também deverão disponibilizar informação para a Rede. É fundamental a troca de informações.

Diante do crescimento do jornalismo digital, faz-se a pergunta: E os jornais impressos, irão acabar?

Alves (2006), fala em midiacídio, ou seja, a possibilidade de a ruptura tecnológica provocar a morte de meios tradicionais que não tenham capacidade ou não saibam se adaptar ao novo ambiente midiático em evolução. O autor também afirma, nesse mesmo viés, que a possibilidade de modelos que pareciam consolidados venham a desaparecer é real, contudo ressalta um período de incertezas em relação ao futuro da mídia.

A meu ver, o jornalismo impresso não irá desaparecer, somente houve a divisão de espaços nos canais de informação. Conforme Alves (2006), ideias de que o jornalismo digital poderia ser apenas um complemento dos jornais predominou no passado; agora são segmentos diferentes. Cada mídia tem seu público alvo, seu conteúdo, sua linguagem, seus interesses a serem discutidos. Os meios tradicionais não estão tão rígidos, se modificaram e se adaptaram para melhor atender seu leitor.

Obviamente o webjornalismo atualmente parece mais atrativo, tanto para o leitor como para o profissional. Segundo Alves (2006), o jornalista da redação digital tenta trabalhar para um púbico específico, como ocorre na sua versão impressa. A diferença é que no computador, o profissional busca uma fórmula para ser global e despertar o interesse de leitores de diversas partes do mundo. Bochichi apud Alves (2006), relata: "O trabalho não está limitado a uma função. É possível acompanhar todo o processo de edição, proporcionando uma ampla visão dos fatos do dia. Além disso, é possível utilizar recursos, como o som e a imagem em movimento, que são impossíveis na versão impressa".

Mas há quem não dispense a capacidade do jornal de ser dobrado e enrolado ou de visualizar as matérias de forma rápida e eficiente, simplesmente passando as páginas, afirma Bogart apud Rozados (2009). Tudo é uma questão de flexibilidade para conquistar o leitor e consequentemente não perder espaço nos meios de comunicação.


O webjornalismo proporciona reflexões e modificações não somente às profissões ligadas à comunicação, mas também ligadas à informação. A digitalização de informações, o acesso a bancos de dados, a diminuição de espaço físico para armazenamento de documentos, a difusão veloz de informações e a racionalização do uso do papel são temas de interesse para o arquivista. A utilização de multimeios que propaguem e preservem a informação corroboram direta ou indiretamente para o trabalho do arquivista.

Todos nós já somos seres multimídia há muito tempo, pois consumimos múltiplos meios de comunicação. A novidade é que temos à nossa disposição um meio que tem a capacidade de absorver as características de todos os outros meios (ALVES, p. 6, 2006).



Referências:

ALVES, Rosental Calmon. Jornalismo digital: Dez anos de web… e a revolução continua. Comunicação e Sociedade, vol. 9-10, 2006, p. 93-102. Disponível em: <http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/viewFile/4751/4465>. Acesso em: 28 mai. 2011.

FUENTES I PUJOL, María Eulàlia. La información en Internet. Barcelona, Editorial CIMS, 1997.

QUADROS, Claudia Irene de. Uma breve visão histórica do jornalismo on-line. In: XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Salvador. Anais... São Paulo: Intercom, 2002. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1904/18639>. Acesso em: 28 mai. 2011.

ROZADOS, Helen Beatriz Frota. Tema 6: Jornais Eletrônicos. Slides de aula, 2009.

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