domingo, 3 de julho de 2011

Vivendo a (na) convergência

Dentre os vários posts que escrevi, todos traziam em sua essência a interatividade e, arrematando o que já foi explicitado, trago a convergência das mídias. Para Mesquita (1999), a convergência das mídias é a interação e interconexão entre a imprensa, a rádio, a televisão, os telefones, os computadores e as tecnologias de rede. Ela prevê que toda a informação esteja disponível, a toda a gente, em todas as horas, em todos os lugares, em suporte digital (sob a forma de bits) onde será possível interagir com a própria informação, com o saber bem, como alcançar os centros de produção de conhecimento que lhe dão origem.



A integração, e porque não dizer interligação entre rádios, televisões, computadores, imagens e sons já consolidaram a cultura de consumir a informação, independentemente de sua forma e suporte, no mesmo instante em que ela é criada, tornado imediata a sua propagação.

A convergência em si pode ser descrita como:
“[...] o fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam (JENKINS, 2008, p. 29).”

Toda essa ideia de convergência das mídias abarca fundamentos de cooperação, como um ciclo de diversas formas de levar a informação o mais distante possível, e a um público cada vez maior; deixando para trás o “mito” de que mídias desapareceriam - entrariam em desuso - para o surgimento de outras, ditas mais tecnológicas.

Frente ao que foi exposto, é sinalizada a coexistência das mídias:
Juntamente com essa ideia de convergência das mídias as pessoas começaram a pensar que uma nova mídia fosse substituir a mídia já existente. Isso não ocorreu em todos os casos pelo contrário, a maioria das mídias continua coexistindo, nada está sendo substituído tudo está sendo transformado, algumas mais utilizadas do que as outras, mas nada se extinguiu as comunicações continuam aí, ela nunca mudou o que muda são os meios por onde ela passa e os seus suportes. Assim, consequentemente os meios por onde acessamos as informações mudam, por que nós mudamos, a sociedade se transforma e adapta-se as novas tecnologias (JENKINS, 2008).
Dessa forma, está mais do que perceptível que arquivistas, bibliotecários e museólogos devam ter o domínio das novas maneiras de disponibilizar a informação, integrando os diversos suportes físicos à grande esfera digital, constituindo um processo único de disseminação e acesso da informação, portanto imprimindo agilidade e eficiência na sistematização de buscas e na recuperação da informação.

Blog: útil e popular; informar e ser informado, construir ideias, quebrar paradigmas; produzir, trocar e difundir conhecimento.

Fotografia: proporciona um resgate à memória, a retomada de acontecimentos e a apreciação da diversidade cultural.

Vídeo: ferramenta multifacetada e interativa; uma importante fonte de informação.

Repositório: sistema que permitem recuperar, compartilhar e visualizar informações; mantém e gerencia o material armazenado.
Internet: constrói conteúdo, produz conhecimento; inteligência coletiva.

Webjornalismo: canal de informação emergente; interatividade, customização de conteúdo/personalização, hipertextualidade, multiplicidade/convergência e memória.

Comunidade virtual: complemento da comunidade real; faz com que as relações sociais e efetivas sejam transformadas pela tecnologia.

Rede social: intencionalidade nos relacionamentos; objetivos comuns explicitados e compartilhados.

Web 2.0: coletividade, participação e colaboração.

Microblog: interação facilitada; estreita relações; possibilita uma comunicação instantânea.

Todos estes trechos acima foram elementos que permearam os posts anteriores e que se encaixam perfeitamente na ideia de convergência das mídias.


A convergência surgiu de nossas vivências e estruturada pela tecnologia desenvolvida. Jenkins (2008) coloca que a convergência não acontece somente nos aparelhos/suportes, mas sim na mente das pessoas e no próprio modo de interação social. A informação na mídia digital é interativa, coletiva, flexível, compartilhada, personalizada.

Abraços!


Referências:

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008.

MESQUITA, João. A Convergência dos Media: do Mass ao Self Media. 1999. Disponível em: <
http://www.citi.pt/estudos_multi/joao_mesquita/index.html>. Acesso em: 04 jul. 2011.

domingo, 26 de junho de 2011

What’s happening?

Uma das mídias em franco crescimento na Internet é o microblog, e aqui o assunto será focado no Twitter, o principal microblog utilizado.


O Twitter é um micro-blogging, ou seja, um blog limitado, que permite a publicação de apenas 140 caracteres. É uma proposta de trocar informações e noticiar o que acontece em poucas palavras. Neste serviço, os usuários podem publicar notícias e compartilhar informações através de celulares e de outros equipamentos e não apenas por meio do computador. As possibilidades de comunicação no Twitter são significativas e de grande contribuição para o processo de disseminação de informações (RUFINO, 2009, p.11).


Com base no texto de CARDOZO (2009), o Twitter é uma criação [...] da Web 2.0 com bases sendo definidas como coletividade, participação e colaboração, substituindo individualidade, estagnação, limitação e unilateralidade, características da chamada Web 1.0. Com esta passagem da Web 1.0 para a Web 2.0, aparece um entendimento sobre a possibilidade de a Internet ser formadora de uma inteligência coletiva.


O título do post refere-se ao slogan do Twitter, que em português significa: “O que está acontecendo?” E realmente você fica sabendo tudo o que está acontecendo e com uma velocidade sem igual. No Twitter pode-se seguir alguém ou ser seguido, tendo informações objetivas e práticas sobre a vida de um conhecido e até de instituições como arquivos, bibliotecas e museus. Conforme Santos (2010) os bibliotecários e pesquisadores começaram a explorar os recursos da Web participativa e rapidamente perceberam a possibilidade de expandir o relacionamento com o usuário. Sim, o Twitter serve também para divulgar organizações, agindo como uma ferramenta a mais para o marketing institucional, abrangendo dessa forma um público maior, trazendo usuários aos ambientes de informação.


Segundo Rufino (2009) o Twitter é uma nova forma de comunicação, mais rápida e ágil, que permite acesso às informações e cobertura de notícias em tempo real. Além disso, proporciona ao leitor que ele mesmo publique suas informações, ao mesmo tempo em que ler outras.

Com o advento dos microblogs, há uma interação facilitada entre, por exemplo, o arquivo e o usuário e vice-versa, estreitando relações, possibilitando uma comunicação instantânea, em que as duas partes ora passam informações, ora absorvem informações.


Cardozo (2009) diz: “Mais do que apenas um tipo de blog ou microblog, o Twitter se consolida como uma ferramenta de comunicação móvel.” Assim coloco como exemplos de instituições da área da Ciência da Informação que utilizam o Twitter.
















Apesar de ser uma rede social, o Twitter é um lugar de autopublicação, onde pessoas colocam links, falam de seus projetos, divulgam notícias. Não há regra (CARDOZO, 2009, p. 34).




Referências:

CARDOZO, Missila Loures. Twitter: microblog e rede social. Caderno.com, São Caetano do Sul: USCS, v.4, n.2, p.26-40, jun/dez 2009. Disponível em: <http://www.uscs.edu.br/revistasacademicas/caderno/caderno_com_v04_n02.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2011.

RUFINO, Airtiane et al. Twitter: a transformação na comunicação e no acesso às informações. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE, 11., Teresina, 14 - 16 maio 2009. Anais... Teresina, INTERCON, 2009. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/nordeste2009/resumos/R15-0542-1.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2011.

SANTOS, Cibele A. C. Marques dos et al. Biblioteca Universitária 2.0: experiência com blogs e twitter. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 16., 2010. Anais... Rio de Janeiro, UFRJ, 2010. Disponível: <http://www.sibi.ufrj.br/snbu/pdfs/posters//final_183.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2011.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Comunidades virtuais e redes sociais virtuais: construções da coletividade

Quem não tem um perfil em comunidades virtuais ou redes sociais virtuais? É raridade encontrar alguém que não participe desta “febre” da Internet, mas muito além de uma tendência, essas comunidades e redes virtuais se consolidam cada vez mais em nossa vida.


Antes de qualquer coisa, trago definições destas “teias” virtuais: Howard Rheingold (1996) define comunidades virtuais como “agregações sociais que emergem da Internet quando um número suficiente de pessoas se envolve em discussões públicas durante um tempo suficientemente grande, com suficiente sentido humano, para formar redes de relações pessoais no ciberespaço (SÁNCHEZ ARCE & SAORÍN PÉREZ, 2001, p. 219)”.

Para Sánchez Arce & Saorín Pérez (2001), comunidades virtuais são aquelas constituídas por pessoas que, através da Internet, desejam satisfazer suas expectativas ou necessidades e colaborar com o coletivo.  Pessoas que partilham uma mesma cultura, espaço virtual sem fronteiras, conjunto de regras, informação e conhecimento e a ligação entre essas pessoas e administradores da comunidade virtual são elementos colocados pelos autores como formadores das comunidades virtuais. As comunidades virtuais se tornaram um complemento das comunidades reais, fazendo com que as relações sociais e efetivas sejam transformadas pela tecnologia. Essa transformação pode ser afirmada por Sánchez Arce & Saorín Pérez (2001), já que romper as barreiras espaço-tempo permitiu que se desenvolvessem numerosas comunidades virtuais. Mas para seu êxito e permanência na Internet, são determinantes dois elementos básicos: o tempo de interatividade e o componente afetivo entre os membros que as compõem.


Como afirma Lévy apud Costa (2005), as comunidades virtuais são uma nova forma de se fazer sociedade. Essa nova forma é rizomática, transitória, desprendida de tempo e espaço, baseada muito mais na cooperação e trocas objetivas do que na permanência de laços.

Exemplos de comunidades virtuais: chats, fóruns, lista de discussão, blogs, entre outros.

As redes sociais virtuais segundo Amaral (2004), são estruturas sociais compostas por pessoas ou organizações, com objetivos e valores em comum. As redes sociais são uma nova forma de as pessoas se expressarem, mostrando suas ideias, suas relações. Os elementos que as caracterizam são pontos de conexão (relação pessoa/instituição), e padrão de horizontalidade (relação de descentralização de poder, não há subordinação). O que diferencia as redes sociais das redes espontâneas e naturais é a intencionalidade nos relacionamentos, os objetivos comuns explicitados e compartilhados.

Exemplos de redes sociais: Orkut, Facebook, Twitter, MySpace, entre outros.


A partir dessas definições, já se tem a nítida visão de que as comunidades virtuais e as redes sociais são de suma importância para dar acesso à informação e a construção de conhecimento, tanto que vários profissionais utilizam desses meios para trocas de experiências.

Para Rheingold apud Costa (2005), já se percebia em 1996 que as comunidades virtuais não eram apenas lugares onde as pessoas se encontravam, mas também um meio para se atingir diversos fins. Ele antecipou que “as mentes coletivas populares e seu impacto no mundo material podem tornar-se uma das questões tecnológicas mais surpreendentes da próxima década”.

Consolidar uma idéia de mente coletiva, ou de inteligência coletiva, que poderia não apenas resolver problemas em conjunto, em grupo, coletivamente, mas igualmente trabalhar em função de um indivíduo, do seu benefício. As comunidades virtuais abrigam um grande número de profissionais, que lidam diretamente com o conhecimento, o que faz delas um instrumento prático potencial. Quando surge a necessidade de informação específica, de uma opinião especializada ou da localização de um recurso, as comunidades virtuais funcionam como uma autêntica enciclopédia viva. Elas podem auxiliar os respectivos membros a lidarem com a sobrecarga de informação (COSTA apud RHEINGOLD, 2005).

Conforme Lévy apud Costa (2005), uma comunidade virtual, quando convenientemente organizada, representa uma importante riqueza em termos de conhecimento distribuído, de capacidade de ação e de potência cooperativa.
 
Ou seja, a participação de profissionais em comunidades virtuais e redes sociais servem como um estímulo a formação de um conhecimento desenvolvido coletivamente. Em um espaço composto por uma teia de pessoas com o mesmo interesse, está contida várias informações e soluções diversas para uma mesma situação, havendo uma melhor eficiência na construção de conhecimento, difusão de informações e interação entre os profissionais.


Costa (2005) diz que a sinergia entre as pessoas via web, dependendo do projeto em que estejam envolvidas, pode ser multiplicada com enorme sucesso, sendo lançada assim a ideia de que a interconexão de computadores poderia dar nascimento a uma nova forma de atividade coletiva, centrada na difusão e troca de informações, conhecimentos e interesses.


Referências:

AMARAL, Vivianne. Redes organizacionais: conexão. 2004. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/24613262/Vivianne-Amaral-Redes-Organizacionais-Conexoes>. Acesso em: 20 jun. 2011.

COSTA, Rogério da. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.9, n.17, p.235-48, mar/ago 2005. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/icse/v9n17/v9n17a03.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2011.

SÁNCHEZ ARCE, Maria Vanessa; SAORÍN PÉREZ, Tomás. Las Comunidades Virtuales y los Portales como Escenarios de Gestión Documental y Difusión de Información. Anales de Documentación, n.4, 2001, p. 215-227. Disponível em: http://hdl.handle.net/10760/11967. Acesso em: 20 jun. 2011.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Museus virtuais

A fim de divulgarem seus acervos, dando maior visibilidade às suas coleções, os museus se destacam na Internet.


Com a rápida expansão da Internet na última década do século XX, multiplicaram-se sítios auto-intitulados “museus”, dentre os quais destacamos os museus de arte. Ostentando nomes como webmuseu, cibermuseu, museu digital ou museu virtual, tais sítios apresentam-se, com freqüência, como interfaces de instituições museológicas construídas no espaço físico, [...] que, graças à Internet, podemos “visitar” em um mesmo dia, escolhendo o melhor trajeto e o horário mais conveniente. Ao lado dessas interfaces, foram criados sítios que, embora sem equivalente no mundo físico, também se intitulam “museus” e apresentam “acervos” formados por reproduções digitais ou por obras-de-arte criadas originalmente em linguagem digital (LOUREIRO, 2004, p. 97).

Visitando alguns museus virtuais, destaco um museu, o Museu da Pessoa. Por seu nome peculiar, fiquei bastante curiosa para saber quais as propostas do museu. O Museu, fundado em 1991 propõe a construção de uma teia de histórias de vida, histórias de qualquer pessoa que queira compartilhar suas vivências, ampliando a participação dos indivíduos na construção de memória social. Isso é incrível! Um museu não “sobrevive” somente de peças raras, antigas ou tecnológicas, não deve expor a história de alguns povos, como se fossem mais importantes do que outros. Porque a cultura e a memória não são feitas por alguns, mas por todos. Essa frase sintetiza o Museu da Pessoa. Simples assim, se torna grandioso; sem firulas o Museu da Pessoa cumpre bem seu papel em construir, preservar e difundir a cultura e a memória de todos utilizando a Internet.

Diante da experiência em visitar museus virtuais, percebo a preocupação para que cada vez mais pessoas tenham acesso às coleções dos museus. Por outro lado há um questionamento quanto aos direitos autorais e a segurança das bases de dados dos museus no meio virtual. Sempre existem os prós e os contras quanto à divulgação de informações e propagação de conhecimento na Internet, mas o que não há de se contestar é que não existe nada parecido com a sensação de visitar um museu físico, de estar frente a frente com a história, a memória, a cultura que construímos vivendo ou seria vivendo construindo?!

Confira a seguir, um vídeo sobre o recente projeto do Google, o Art Project, que permite ao visitante virtual “andar pelas galerias” de importantes museus do mundo todo.



Referências:

ART PROJECT. Disponível em: <http://www.googleartproject.com/>. Acesso em 13 de jun. 2011.

LOUREIRO, Maria Lucia de Niemeyer. Webmuseus de arte: aparatos informacionais no ciberespaço. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 33, n. 2, p. 97-105, maio/ago. 2004. Disponível em:

MUSEU DA PESSOA. Disponível em: <
http://www.museudapessoa.net/>. Acesso em: 13 de jun. 2011.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Jornais digitais nacionais e internacionais: mesma notícia, abordagens diferentes

Seguindo o que foi dito no post anterior – sobre webjornalismo – apresento a análise de uma mesma notícia veiculada em quatro jornais digitais nacionais e internacionais.

A notícia divulgada entre os dias 04 e 05 de junho de 2011, relata a erupção do vulcão chileno Puyehue e a retirada da população moradora de regiões próximas ao vulcão. Os brasileiros Zero Hora e O Globo, o norte-americano The New York Times e o espanhol El País são os jornais digitais em questão.

Nuvem de cinzas do vulcão Puyehue, no sul do Chile (05/06)

Raios vermelhos foram fotografados em meio à nuvem de cinzas do vulcão no domingo (05/06)

ZERO HORA

Vulcão entra em erupção no Chile e nuvem de cinzas fecha aeroporto de Bariloche
Governo evacuou 3,5 mil chilenos da região




O GLOBO

Vulcão entra em erupção no Chile; moradores são retirados






THE NEW YORK TIMES

 3,500 Evacuate as Volcano Erupts in Southern Chile






EL PAÍS

Un volcán chileno genera alarma en Argentina
Las autoridades evacuán a 3.500 habitantes de La zona de La erupción – Las cenizas del Puyehue obligan a los vecinos de Bariloche a permanecer em sus casas y usar mascarillas em el exterior

Fazendo um comparativo das informações contidas em cada jornal sobre a notícia, têm-se diferentes abordagens.

Os jornais Zero Hora, O Globo e The New York Times dão diferentes localizações do vulcão em relação à capital Santiago, já o jornal El País mostra uma localização vaga, porém incluiu em sua notícia um pequeno mapa dos países afetados. Todos os quatro jornais falam sobre a retirada da população, sendo removidas para alojamentos em zonas de segurança, mas somente o The New York Times e o El País relataram instruções para que a população permaneça em casa, estoque alimentos e água e que quando esteja ao ar livre use máscaras. Somente o El País menciona o histórico de outras erupções do Puyehue. O Globo relata a erupção de outro vulcão chileno de proporções parecidas em 2008. Todos os jornais citam pronunciamentos de autoridades ou órgãos competentes chilenos e argentinos, passando assim maior credibilidade às suas notícias. Os quatro jornais falam dos transtornos ocorridos de forma cronológica, ou seja, desde os abalos sísmicos que acarretaram a erupção até as nuvens de cinzas que cobrem as cidades.

Há pequenos destaques dentro da notícia principal, que, parecem ser descritos de acordo com o público do jornal eletrônico. O jornal Zero Hora destaca o fechamento do aeroporto de Bariloche e fala sobre o potencial turístico da cidade; reconhecidamente um destino dos gaúchos no inverno. O Globo prioriza situar seus leitores quanto a geografia chilena em comparação a outros países com atividade vulcânica. O The New York Times equilibra bem as informações dadas, destacando de igual maneira a localização e magnitude da erupção e os cuidados com a população afetada. O El País destaca as declarações das autoridades do Chile e da Argentina tranquilizando as pessoas, como uma forma de que os leitores vejam o problema de um jeito ameno, sem alarde.

A partir dessa análise podemos ver claramente a ligação desses comparativos de informações noticiadas com o atendimento de usuários de sistemas de informação. Cada arquivo, biblioteca ou museu precisa conhecer e direcionar suas atividades para seu “usuário-alvo”, assim como os jornais digitais buscam seu público-alvo.



Referências:

3,500 Evacuate as Volcano Erupts in Southern Chile. The New York Times, New York. Disponível em: <http://www.nytimes.com/aponline/2011/06/04/world/americas/AP-LT-Chile-Volcano.html?_r=1&scp=1&sq=chile%20puyehue&st=cse>. Acesso em: 06 de jun. 2011.

VULCÃO entra em erupção no Chile e nuvem de cinzas fecha aeroporto de Bariloche. Zero Hora, Porto Alegre. Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Mundo&newsID=a3337589.htm>. Acesso em: 06 jun. 2011.

VULCÃO entra em erupção no Chile; moradores são retirados. O Globo, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/06/04/vulcao-entra-em-erupcao-no-chile-moradores-sao-retirados-924616417.asp>. Acesso em: 06 de jun. 2011.

UN volcán chileno genera alarma en Argentina. El País, Madrid. Disponível em: <http://www.elpais.com/articulo/internacional/volcan/chileno/genera/alarma/Argentina/elpepuintlat/20110605elpepuint_1/Tes>. Acesso em: 06 de jun. 2011.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Webjornalismo: comunicação emergente

O surgimento do webjornalismo foi e ainda continua sendo um boom para os canais de informação. Conforme Fidler apud Alves (2006), o nascimento de um novo meio de comunicação causa uma espécie de terremoto no ambiente midiático.

Tradicionalmente, para os jornalistas a Internet era vista como somente para distribuir conteúdo, porém hoje se percebeu que, muito além disso, a Internet constrói conteúdo, produz conhecimento. A ideia de que as informações contidas nos jornais impressos deveriam ser transpostas sem modificação para a web é obsoleta; atingir o público do webjornalismo requer o despertar de interesses diferentes dos quais os leitores da versão impressa buscam. A web representa uma mudança de paradigma comunicacional muito mais ampla que a adição de um sentido. Ela oferece um alcance global, rompendo barreiras de tempo e espaço [...] (ALVES, p. 3, 2006).

O jornalismo eletrônico, como canal de informação emergente traz em sua essência características como: interatividade, customização de conteúdo/personalização, hipertextualidade, multiplicidade/convergência e memória. Todas essas características sugerem algo que dificilmente aconteceria no jornalismo impresso – o poder do leitor sobre o conteúdo – tratando-se segundo Alves (2006), de uma transferência importante de poder ou de privilégio, que passa do emissor para o receptor, numa evidente ruptura dos modelos fechados que se conheciam até agora.


Houve assim uma grande modificação quando à comunicação. "A comunicação eficaz requer um rico conteúdo em sua representação. E as representações devem estar adequadas ao contexto do indivíduo e da comunidade a qual pertence. Assim a mensagem pode ser atrativa e útil" (BENDER APUD QUADROS, p. 4, 2002). De acordo com Fuentes i Pujol (1997), os meios deverão passar por um doloroso processo de reconhecer que o mundo não é só aquilo que eles publicam, mas também muitas outras coisas que estão sendo disponibilizadas na Rede. Isto será um enorme desafio para os meios [...] E os jornalistas receberão a informação da própria internet para realizar o seu trabalho, mas também deverão disponibilizar informação para a Rede. É fundamental a troca de informações.

Diante do crescimento do jornalismo digital, faz-se a pergunta: E os jornais impressos, irão acabar?

Alves (2006), fala em midiacídio, ou seja, a possibilidade de a ruptura tecnológica provocar a morte de meios tradicionais que não tenham capacidade ou não saibam se adaptar ao novo ambiente midiático em evolução. O autor também afirma, nesse mesmo viés, que a possibilidade de modelos que pareciam consolidados venham a desaparecer é real, contudo ressalta um período de incertezas em relação ao futuro da mídia.

A meu ver, o jornalismo impresso não irá desaparecer, somente houve a divisão de espaços nos canais de informação. Conforme Alves (2006), ideias de que o jornalismo digital poderia ser apenas um complemento dos jornais predominou no passado; agora são segmentos diferentes. Cada mídia tem seu público alvo, seu conteúdo, sua linguagem, seus interesses a serem discutidos. Os meios tradicionais não estão tão rígidos, se modificaram e se adaptaram para melhor atender seu leitor.

Obviamente o webjornalismo atualmente parece mais atrativo, tanto para o leitor como para o profissional. Segundo Alves (2006), o jornalista da redação digital tenta trabalhar para um púbico específico, como ocorre na sua versão impressa. A diferença é que no computador, o profissional busca uma fórmula para ser global e despertar o interesse de leitores de diversas partes do mundo. Bochichi apud Alves (2006), relata: "O trabalho não está limitado a uma função. É possível acompanhar todo o processo de edição, proporcionando uma ampla visão dos fatos do dia. Além disso, é possível utilizar recursos, como o som e a imagem em movimento, que são impossíveis na versão impressa".

Mas há quem não dispense a capacidade do jornal de ser dobrado e enrolado ou de visualizar as matérias de forma rápida e eficiente, simplesmente passando as páginas, afirma Bogart apud Rozados (2009). Tudo é uma questão de flexibilidade para conquistar o leitor e consequentemente não perder espaço nos meios de comunicação.


O webjornalismo proporciona reflexões e modificações não somente às profissões ligadas à comunicação, mas também ligadas à informação. A digitalização de informações, o acesso a bancos de dados, a diminuição de espaço físico para armazenamento de documentos, a difusão veloz de informações e a racionalização do uso do papel são temas de interesse para o arquivista. A utilização de multimeios que propaguem e preservem a informação corroboram direta ou indiretamente para o trabalho do arquivista.

Todos nós já somos seres multimídia há muito tempo, pois consumimos múltiplos meios de comunicação. A novidade é que temos à nossa disposição um meio que tem a capacidade de absorver as características de todos os outros meios (ALVES, p. 6, 2006).



Referências:

ALVES, Rosental Calmon. Jornalismo digital: Dez anos de web… e a revolução continua. Comunicação e Sociedade, vol. 9-10, 2006, p. 93-102. Disponível em: <http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/viewFile/4751/4465>. Acesso em: 28 mai. 2011.

FUENTES I PUJOL, María Eulàlia. La información en Internet. Barcelona, Editorial CIMS, 1997.

QUADROS, Claudia Irene de. Uma breve visão histórica do jornalismo on-line. In: XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Salvador. Anais... São Paulo: Intercom, 2002. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1904/18639>. Acesso em: 28 mai. 2011.

ROZADOS, Helen Beatriz Frota. Tema 6: Jornais Eletrônicos. Slides de aula, 2009.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Repositórios de vídeos e o exemplo do YouTube EDU

No post anterior falei que os vídeos são fontes importantíssimas de informação, mas... onde estão essas informações na Internet? Estão nos repositórios de vídeos, isso quer dizer: sistemas que permitem recuperar, compartilhar e visualizar vídeos, possuindo ferramentas de busca onde o usuário pode achar vídeos que estejam indexados conforme as palavras-chave que busca; mantém e gerencia o material armazenado.

Como exemplos de repositórios de vídeos, temos o YouTube, o Google Vídeos e o Vimeo.


Segundo Paiva (2008), o YouTube realiza o sonho de uma multidão de aficcionados em arte, música, cinema e vídeo, desejosos de construir a sua própria programação audiovisual. [...] sendo um estilo de comunicação e cultura transversal, dialógica, mais acessível e interativa.

Nessa perspectiva, conforme Ribeiro et al. (2010), educadores e estudantes necessitam acompanhar esses avanços, integrando no cotidiano do ensinar e do aprender novos recursos e serviços. Assim surgem os repositórios de vídeos educativos. Oferecendo fontes para estudo e pesquisa e apoiando a aprendizagem no processo de ensino-aprendizagem, as possibilidades de utilização são várias, como por exemplo: em coursewares, em tutoriais, como material de apoio, como portfólio do aluno ou até mesmo como uma TV educacional (Caetano e Falkembach, 2007). O foco destes repositórios está em educadores e alunos, abrangendo várias áreas do conhecimento.

Um excelente exemplo de repositório de vídeos educativos é o YouTube EDU. Lançado em março de 2009, tem por objetivo oferecer alguns dos maiores cursos universitários para qualquer pessoa com acesso à Internet, sendo composto por vídeos com passeios pelos campi das universidades, notícias sobre pesquisas, palestras de professores e cursos dos mais variados assuntos, assim democratizando o ensino. Originado de um processo voluntário de um grupo de funcionários que desejava coletar e armazenar o conteúdo educacional enviado por escolas e universidades ao YouTube (YOUTUBE, 2009). O YouTube EDU é um subsite do YouTube, sendo o maior repositório no quesito vídeo-aulas, afirma Colman (2009).


Em conformidade com Ribeiro et al. (2010), os repositórios de vídeos educativos são um recurso que sobrepõe às limitações espaço-temporais da sala de aula.

Conheça nesse vídeo um pouco mais sobre o YouTube EDU.


Até mais!


Referências:

CAETANO, S. V. N.; FALKEMBACH, G. A. M. You Tube: uma opção para uso do vídeo na EAD. Porto Alegre: IX Ciclo de Palestras sobre Novas Tecnologias na Educação. 2007. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012623.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2011.

COLMAN, Dan. Introducing YouTube EDU! Open Culture. 2009. Disponível em: <http://www.openculture.com/2009/03/introducing_youtube_edu.html>. Acesso em: 16 mai. 2011.

PAIVA, Cláudio Cardoso de. YOUTUBE como vetor de Modernização Tecnológica e Desenvolvimento Social. ABCIBER. In: II Simpósio ABCiber. São Paulo: PUCSP, 2008. v. 1. p. 1-15.Disponível em: <http://www.cencib.org/simposioabciber/PDFs/CC/Claudio%20Cardoso%20de%20Paiva.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2011.

RIBEIRO, Patric da S. et al. Repositório de vídeos educacionais adaptado as necessidades tecnológicas de usuários de dispositivos móveis. 2010. Disponível em: <www.inf.pucminas.br/sbc2010/anais/pdf/wie/st05_04.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2011.

YOUTUBE. Broadcasting Ourselves ;) The Official YouTube Blog. 2009. Disponível em: http://youtube-global.blogspot.com>. Acesso em: 16 mai. 2011.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A interatividade multifacetada do vídeo como fonte de informação

O vídeo para a sociedade atual é uma importante e interativa fonte de informação. Para Semeler (2010), “vídeo é informação, mensagem, teoria, arte, conceito, um estado, um objeto, um processo ou, talvez, um tipo de informação intraduzível.” Conceituando de uma forma mais detalhada, Moran diz:

O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Nos atingem por todos os sentidos e de todas as maneiras. [...] Desenvolve um ver entrecortado – com múltiplos recortes da realidade – através dos planos – e muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou movendo-se, imagens ao vivo, gravadas ou criadas no computador. Um ver que está situado no presente, mas que o interliga não linearmente com o passado e com o futuro (MORAN, 1995, p. 2).


A partir de tais definições, percebe-se que o vídeo pode ser de grande valia como ferramenta de auxílio ao trabalho do profissional da informação. Conforme Eggert e Martins (1996), a produção de vídeo para divulgação do profissional da informação constitui um recurso atrativo e apropriado como fonte de informação. Seu uso tecnológico contribui para a difusão de informações acerca da categoria profissional em questão. A imagem é um instrumento de mensagem persuasivo com alto poder de penetração, sendo assim, a dinâmica e o movimento da imagem são mais adequados a oferecer uma percepção de um profissional da informação do que um texto em si, daí porque acredita-se ser esta uma estratégia para o profissional da informação conhecer a si, estimar-se e compreender melhor a que veio à sociedade.

Sob uma ótica arquivística, Navarro apud Laux (2010), afirma que há uma clara necessidade de que os arquivos devem usar as tecnologias da informação e comunicação na sociedade da informação para projetar os arquivos para a sociedade e ampliando seus usuários. Por esta razão, deve-se utilizar as tecnologias como uma forma de atrair ao arquivo os cidadãos e tornar evidente a utilidade de seu conteúdo para a investigação, a cultura, o comércio e o exercício de direitos democráticos.

O vídeo serve como um aparato a mais para conscientizar e divulgar a importância do arquivista e de seu local de trabalho junto à comunidade. Nessa perspectiva, o vídeo pode se tornar uma ferramenta de Marketing, objetivando a construção de uma imagem mental da instituição arquivo e atribuindo um conceito positivo sobre ela. Para Irala (2010), vídeo une o apelo visual da imagem e a especificação da mensagem oral e escrita.

Enfim, a partir dessa ferramenta multifacetada e interativa, os arquivistas podem envolver a sociedade em seus projetos, valorizando seu trabalho e promovendo a instituição; abrindo as portas dos arquivos por esta janela que é o vídeo.

O vídeo a seguir exibe a apresentação do Arquivo Histórico do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e região – AHSBPOA.






Referências:

EGGERT, Gisela; MARTINS, Maria Emília Ganzarolli. Bibliotecário. Quem é? O que faz?  Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis. V.l. N.l, 1996. Disponível em: <www.acbsc.org.br/revista/ojs/include/getdoc.php?id=741&article=7&mode=pdf>. Acesso em: 06 mai. 2011.

IRALA, Márcia Petinga. O vídeo institucional como forma de promover a biblioteca universitária. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Curso de Biblioteconomia, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/27801>. Acesso em: 06 mai. 2011.

LAUX, Núbia Marta. A divulgação dos arquivos públicos através de seus websites. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Curso de Arquivologia, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/25633>. Acesso em: 06 mai. 2011.

MORAN, José Manuel. O Vídeo na Sala de Aula. Comunicação & Educação. São Paulo, ECA-Ed. Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm>. Acesso em: 06 mai. 2011.

SEMELER, Alexandre Ribas. Vídeo digital: imagem, tecnologia e informação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/25630>. Acesso em: 06 mai. 2011.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A imagem: de reflexos nas águas a acervos virtuais

Existem vários conceitos quanto à imagem. Platão apud Joly (2008), define: “Chamo de imagens em primeiro lugar as sombras, depois os reflexos que vemos nas águas ou na superfície de corpos opacos, polidos e brilhantes e todas as representações do gênero.” Atualmente existem as “novas imagens” ou “imagens virtuais” que segundo Joly (2008), [...] propõem mundos simulados, imaginários, ilusórios [...] expressão designa, em ótica, uma imagem produzida pelo prolongamento de raios luminosos [...] São imagens fundadoras de um imaginário rico e produtivo.

As diferentes utilizações do termo “imagem” lembram o deus Proteu: parece que a imagem pode ser tudo e seu contrário – visual e imaterial, fabricada e “natural”, real e virtual, móvel e imóvel, sagrada e profana, antiga e contemporânea, vinculada à vida e à morte, analógica, comparativa, convencional, expressiva, comunicativa, construtora e destrutiva, benéfica e ameaçadora (JOLY, 2008, p. 27).

A imagem é algo muito significativo e diversificado. Um filme, um desenho infantil, uma pintura impressionista, um grafite, uma fotografia, uma imagem mental, um holograma; todos são exemplos de imagens. Conforme Muñoz Castaño (2001), a imagem não precisa ser vista exclusivamente como reflexo de uma personalidade criativa, mas também como o resultado da aplicação de conhecimentos técnicos que irão influenciar fortemente na hora de determinar um número significativo de seus recursos.

Com a disponibilidade cada vez maior de imagens, as mídias digitais também exercem influência sob as mesmas. O desenvolvimento da imagem digital e da Internet levou à proliferação de bancos de imagem (MUÑOZ CASTAÑO, 2001, p. 1). Os bancos de imagens surgiram para proporcionar maior propagação de diferentes imagens e até uma maior visibilidade do autor da imagem.

Trago como exemplo o banco de imagens da Revista Life, responsável por algumas das melhores imagens do fotojornalismo. O Google anunciou uma parceria com a Time Inc., responsável pela publicação, e disponibilizou na rede o arquivo fotográfico da revista, que conta com mais de 10 milhões de fotografias – 97% desse material é inédito.

Segundo o Google, esta iniciativa faz parte do objetivo de organizar toda a informação do mundo e torná-la universalmente acessível e útil. Esta coleção, que inclui fotos recém digitalizadas, foram produzidas e são de propriedade da Life. Apenas uma pequena parte dessas imagens foram publicadas na revista. O restante, tem sido armazenado em arquivos empoeirados, sob a forma de negativos, placas de vidro, gravações e estampas.


As ilustrações no banco de imagens são dispostas por seções, estão protegidas por direitos autorais e têm uso restrito, não podendo ter uso comercial. O serviço trás informações sobre a fotografia como seu título, tamanho, local, datação e fotógrafo.

Apesar das imagens estarem digitalizadas e disponíveis ao público, espero que o acervo físico não fique esquecido e empoeirado, já que este sim é o arquivo original.

 [...] é possível admitir que uma imagem sempre constitui uma mensagem para o outro, mesmo quando esse outro seja nós mesmos (JOLY, 2008, p. 55).


Dê uma conferida no acervo fotográfico em:
http://images.google.com/hosted/life

Até mais!!


Referências:
 
JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. 12. ed. Campinas : Papirus, 2008.

MUÑOZ CASTAÑO, Jesús E. “Bancos de imágenes: evaluación y análisis de los mecanismos de recuperación de imágenes”. En: El profesional de La información, 2001, marzo, v. 10, n. 3, pp. 4-18.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fotografia documental: de memória à fonte de informação

A fotografia, tão comum atualmente, e por vezes, consequentemente banalizada, é uma fonte de informação singular, diferente das fontes usuais do conhecimento. Para Dubois (1993), existe uma espécie de consenso de princípio que pretende que o verdadeiro documento fotográfico “presta contas do mundo com fidelidade”, não restando dúvidas de que a fotografia é uma representação do real.

Primeira fotografia de Niépce

A busca do homem de retratar o cotidiano, esta tendência à reprodução de imagens, surge remotamente com os desenhos rupestres, entretanto a primeira fotografia é datada do ano de 1826, com o francês Joseph Nicéphore Niépce produzindo-a em uma placa de estanho coberta com betume da Judéia, deixando em exposição solar por oito horas, assim fazendo surgir a imagem. Dando um salto no tempo, a fotografia não é mais produzida assim. O que levava horas, hoje são segundos, se antes parecia coisa de cientista, hoje qualquer um pode “dar um clic” e está feita a foto. A fotografia digital revolucionou o mundo fotográfico, minimizando custos, acelerando processos e facilitando a produção, manipulação, armazenamento e transmissão e imagens.

A partir das representações que uma informação fotográfica pode transmitir, a fotografia pode ser considerada uma fonte inesgotável de informação. Um documento textual delimita suas informações a partir do que é escrito, algo pragmático. Um documento fotográfico permeia suas informações a partir do que é visto, possui inúmeras possibilidades de compreensão, algo plural e subjetivo.  Define Peter apud Brigidi (2009), que, ao contrário da palavra escrita ou falada, a fotografia é uma forma de comunicação sem barreiras linguísticas ou geográficas, fazendo com que seu significado seja ampliado. Por tais constatações acerca da fotografia, surge – especificamente na Ciência da Informação – a questão de como lidar com a fotografia documental enquanto memória e fonte de informação.

Segundo, Manini (2004), todo documento fotográfico requer tratamento específico, no que tange seu conteúdo temático, sua organização física, sua preservação e conservação. A fotografia, quanto a um instrumento de pesquisa, requer um tratamento adequado. É necessário o profissional da Ciência da Informação saber “interrogar” o documento fotográfico, para que a informação seja útil na construção histórica da memória e na produção de conhecimento. Kossoy (1993), diz que as fotografias são:

“[...] portadoras de significados não explícitos de omissões pensadas, calculadas, que aguardam pela competente decifração. Seu potencial informativo poderá ser alcançado na medida em que esses fragmentos forem contextualizados na trama histórica em seus múltiplos desdobramentos (sociais, políticos, econômicos, religiosos, artísticos, culturais) que circunscreveu no tempo e no espaço o ato da tomada do registro”.
Desse modo, o profissional da informação surge como mediador da informação e intérprete da imagem, observando as peculiaridades das fotografias custodiadas, sobretudo como documento e fonte de pesquisa, buscando compreender a diversidade de tal fonte de informação. Nessa perspectiva, o usuário de acervos fotográficos não se concentra apenas naquilo que a fotografia traz como conteúdo, mas na maneira como este conteúdo é expresso, como ele aparece enquanto registro imagético (MANINI, 2004, p.20).

No âmbito da Ciência da Informação, o tratamento adequado da informação fotográfica visa praticidade e agilidade em sua recuperação, culminando ao propósito de dar acesso ao usuário e a preservação do acervo.

Ao possibilitar o constante desejo de eternizar a condição humana, por certo transitória, a imagem fotográfica se aproxima de outras iconografias produzidas no passado. Como essas, a fotografia também desperta sentimentos [...]. Reúne e separa [...], informa e celebra, reedita e produz comportamentos e valores. Comunica e simboliza. Representa. (BORGES, 2005, p. 37).
A fotografia documental proporciona um resgate à memória, a retomada de acontecimentos e a apreciação da diversidade cultural.



Referências:

BORGES, Maria Eliza Linhares. História e Fotografia. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

BRIGIDI, Fabiana Hennies. Fotografia: uma fonte de informação. Porto Alegre: UFRGS, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/18712>. Acesso em: 20 abr. 2011.

DUBOIS, Philippe. Da verossimilhança ao índice. In:  O Ato Fotográfico e Outros Ensaios. 2. Ed. Campinas: Papirus, 1993. P. 23-56.

KOSSOY, Boris. Decifrando a realidade interior das imagens do passado. Acervo: Revista do Arquivo Nacional. V.6, n.1/2, jan./dez., 1993.

MANINI, Miriam Paula. Análise documentária de fotografias: leitura de imagens incluindo sua dimensão expressiva. Cenário Arquivístico, v. 3, n. 1, p. 16-28, 2004. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10482/946>. Acesso em: 19 abr. 2011.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A prática avaliativa de um blog

Bom, a partir do post anterior, em que pude explicitar a importância de se ter critérios quanto às (inúmeras) informações na Internet, sobretudo nos blogs que, conforme Alvim (2007), possibilitam a partilha de informação, criando uma nova comunidade de interesses, rompendo com o espaço e o tempo, assim fazendo com que todas as opiniões e assuntos sejam expostos publicamente, desse modo sendo um potencial de comunicação, aprendizagem e gestão da informação. Agora vem a parte prática de avaliar a qualidade de um blog!


O escolhido foi o Museu do Cinema e, dentre seis grandes blocos a qualidade do blog é analisada, em formato de checklist e ao final há uma avaliação como um todo do blog.

PARÂMETROS GERAIS

Tipologia do blog (pessoal, institucional): Pessoal
Têm objetivos concretos e bem definidos? Sim
Se os objetivos estão definidos, os conteúdos se ajustam a eles? Sim
Existe uma política editorial de aceitação de contribuições? Não
Tem domínio próprio? Sim
Tem uma URL correta, clara e fácil de recordar? Sim
Mostra, de forma precisa e completa, que conteúdos ou serviços oferece? Sim
A estrutura geral do blog está orientada ao usuário? Não
É coerente o desenho (layout) geral do blog? Sim
É atualizado periodicamente? Sim
Oferece algum tipo de subscrição? Sim

IDENTIDADE, INFORMAÇÃO E SERVIÇOS

A identidade do blog é mostrada claramente em todas as páginas? Sim
Existe informação sobre(s) criador(es) do blog? Não ¹
Existe um logotipo? Sim
O logotipo é significativo, identificável e visível? Sim
Existe alguma forma de contato com os responsáveis pelo blog? Há como forma de contato, as redes sociais das quais o blog participa e com comentários nos posts, já que o proprietário responde os mesmos.
Nos posts:
 - é mostrada claramente informação sobre o autor? Não
 - é mostrada claramente a data de publicação? Sim
 - oferece links permanentes? Sim
É dada informação sobre número de usuários registrados e convidados? Não
Existe um calendário de publicação? Não
Existe um arquivo onde consultar posts anteriores? Sim
Existe alguma declaração ética? Não
Oferece links para outros blogs? Sim
Oferece links externos a outros recursos de informação? Sim
Apresenta uma lista de palavras-chave para cada post? Não
Está traduzido em outros idiomas? Não
Existe algum tipo de controle sobre conteúdos polêmicos? Não
Possui uma seção de ajuda? Não
O link da seção de “Ajuda” está colocado em uma zona visível? Não se aplica
Oferece uma vista prévia antes de publicar? Não se aplica
Existe algum tipo de buscador? Sim
O buscador encontra-se facilmente acessível? Sim
Permite a busca avançada? Não
Mostra os resultados de forma compreensível para o usuário? Sim
Dispõe de ajuda para realizar a busca? Não
Qual o número médio de comentários (calcular sobre os 10 últimos posts)? 3,1

ESTRUTURAS E NAVEGAÇÃO

A estrutura de organização e navegação está adequada? Não
Tem algum sistema de navegação distinto da navegação por datas? Sim
Os posts estão classificados tematicamente? Sim
Que número de clics são necessários para ver os comentários aos posts? Um clic
Que número de clics são necessários para fazer comentários aos posts? Dois clics
Os links são facilmente reconhecíveis como tais? Sim
A caracterização dos links indica seu estado (visitados, ativos, etc.)? Não
Existem elementos de navegação que orientem o usuário sobre onde está e como desfazer sua navegação? Não
Existem páginas “órfãos”? Não

LAYOUT DA PÁGINA

São aproveitadas as zonas de alta hierarquia informativa da página para conteúdos de maior relevância? Não
Foi evitada a sobrecarga informativa? Sim
É uma interface limpa, sem ruído visual? Sim
Existem zonas em “branco” entre os objetos informativos da página, para poder descansar a vista? Sim
É feito um uso correto do espaço visual da página? Não
É utilizada corretamente a hierarquia visual para expressar as relações do tipo “parte de” entre os elementos da página? Sim

ACESSIBILIDADE

O tamanho da fonte foi definido de forma relativa? Sim
O tipo de fonte, efeitos tipográficos, tamanho da linha e alinhamento empregados facilitam a leitura? Sim
Existe um alto contraste entre a cor da fonte e o fundo? Sim
Inclui um texto alternativo que descreve o conteúdo das imagens apresentadas? Sim
O site web é compatível com os diferentes navegadores? Sim
Visualiza-se corretamente com diferentes resoluções de tela? Sim
Pode-se imprimir a página sem problemas? Sim

       

VISIBILIDADE

Link – Google: Sim
Link – Yahoo: Sim
Link – MSN: Sim
PageRank: zero
Twitter: Sim
YouTube: Sim
Orkut: Sim
Facebook: Sim
Unik: Não
Outros. Qual(is)? Flickr

AVALIAÇÃO GLOBAL

Discute a arte do cinema, focalizando o tema em textos concisos e de opinião sobre variados filmes. Apresenta o blog como narrativas sobre filmes, diretores e atores, dando uma visão geral do que o leitor poderá esperar de tal filme. Caracteriza o blog como realmente seu título transmite, um verdadeiro museu do cinema, pontuado pela diversidade de histórias e períodos ao longo dos anos. A abordagem é simples e objetiva, deixando transparecer ao leitor de que o criador do blog tem total propriedade no assunto de que trata, mesmo o criador não deixando clara sua identidade. Inclui além de textos bem formulados, imagens, vídeos e informações adicionais para o total entendimento do conteúdo. Demonstra estrutura mal aproveitada, desfavorecendo uma navegação rápida. Destaca um blog de conteúdo vasto e qualificado, todavia deixa a desejar na orientação do usuário para com a operabilidade do blog. Conclui uma informação qualificada e confiável, mas necessita que o usuário encontre-a de forma direta e facilmente acessível. Sugere aproveitamento da zona superior da página – que é de alta hierarquia informativa – e inclusão da navegação por datas.

Avaliado por: Laura Gomes Machado
Data da avaliação: 17/04/2011

¹ O blog não identifica claramente o seu criador, mas a partir de comentários feitos por leitores, deduz-se, conforme pude verificar nesse link, que o criador chama-se Cassiano.

Até mais! =)


Referências:

ALVIM, Luisa. A Avaliação da Qualidade de Blogues. 2007. Disponível em: <badinfo.apbad.pt/congresso9/COM105.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2011.

JIMÉNEZ HIDALGO, Sonia; SALVADOR BRUNA, Javier. "Evaluación formal de blogs con contenidos académicos y de investigación en el área de documentación". En: El profesional de la información, 2007, marzo-abril, v. 16, n. 2, pp. 114-122.